Por: Nicholas Moreira
Há alguns anos o crítico de cinema canadense David Gilmour (não confundir com o David Gilmour do Pink Floyd) amargava uma fase de desemprego regada a autopiedade enquanto tentava acompanhar o desenvolvimento emocional e psicológico de seu filho Jesse, de apenas 16 anos, que, como todo bom adolescente, só conseguia ser bom em duas coisas: vadiar o dia inteiro e fumar. Como se não bastasse a encrenca morando no porão de casa, David teve uma idéia que apenas um presidente da república apedeuta ou um bebedor de absinto esquerdista se permitiriam levar a cabo: permitiu ao próprio filho substituir a escola por três sessões semanais de cinema em casa, e esta seria a única educação formal que ele receberia.
Há alguns anos o crítico de cinema canadense David Gilmour (não confundir com o David Gilmour do Pink Floyd) amargava uma fase de desemprego regada a autopiedade enquanto tentava acompanhar o desenvolvimento emocional e psicológico de seu filho Jesse, de apenas 16 anos, que, como todo bom adolescente, só conseguia ser bom em duas coisas: vadiar o dia inteiro e fumar. Como se não bastasse a encrenca morando no porão de casa, David teve uma idéia que apenas um presidente da república apedeuta ou um bebedor de absinto esquerdista se permitiriam levar a cabo: permitiu ao próprio filho substituir a escola por três sessões semanais de cinema em casa, e esta seria a única educação formal que ele receberia.
Entre irritantes e exacerbadas demonstrações de afeto e discussões juvenis pueris pontuadas por garrafas de cerveja, este drama familiar real é contado em detalhes no livro O Clube do Filme, uma obra simpática, envolvente e bem escrita, que agrada o leitor logo nas primeiras páginas e que se pode devorar em duas ou três viagens de avião. Porém, é para os cinéfilos e admiradores da sétima arte que o livro ganha um sabor especial, pois o texto de David é pontuado por curiosidades e referências cruzadas interessantíssimas sobre atores, roteiristas, escritores e filmes de gêneros e matizes artísticas variadas: de Tchekov a Ernest Hemingway, de Willie Friedkin a Steven Spielberg e de obras clássicas da nouvelle vague francesa como Os Incompreendidos até trastes cinematográficos desprovidos de bom senso como Showgirls.
E por último, mas não menos importante: quando eu comprei o livro, ele estava a 9 reais na Saraiva. Vale a pena dar uma chance a O Clube do Filme. Nem a eterna condescendência de David para com Jesse consegue retirar o brilho destes simpáticos e autênticos momentos de convivência entre pai e filho.
PS.: David Gilmour é doido. Mantenham seus filhos na escola.